terça-feira, 1 de abril de 2014

Copa do Mundo turbina hospedagens alternativas em Porto Alegre


Com imóveis valorizados, gaúchos estão colocando quartos para alugar em sites especializados. Abrir a casa a desconhecidos tem, em geral, dois bons motivos. De um lado, o contato com outras culturas. De outro, a chance de cobrar bem pelas diárias – nos sites, há imóveis que chegam a R$ 2 mil por dia. E com interessados.

Comum no exterior e em cidades brasileiras mais turísticas, o sistema é baseado no uso de sites como o Airbnb, que funcionam como redes sociais para reunir locatários e viajantes. Apesar de, em geral, sair mais barato do que hotéis, a ideia desse tipo de aluguel por temporada não é só poupar, mas ter uma experiência de viagem diferente, com um anfitrião que indique programas legais, lugares interessantes.

Um deles, o analista de sistemas Gustavo Candiota, 33 anos, espera dos hóspedes a mesma troca cultural. Seleciona a dedo quem vai hospedar durante a Copa – para a experiência ter graça.

— Procuro receber pessoas com interesses semelhantes aos meus. Fazer amigos e até, quem sabe, ser hospedado por eles depois — afirma.

Por um quarto no seu apartamento no bairro Independência, ele cobrará R$ 160 ao dia durante a Copa. Pelo valor baixo (veja, abaixo como estão os preços em Porto Alegre), virou motivo de chacota entre os amigos. Não liga: o importante é participar desse tipo de intercâmbio. Na Copa, a maior parte dos interessados procura pouso por dois ou três dias – tempo para se instalar, ver o jogo de sua seleção e seguir para a próxima sede.

Além do Airbnb, outras opções como o Alugue Temporada, existente desde 2001, e o Bbrasil.com, criado este ano na Capital, também ajudam turistas a encontrar lugares para ficar. O último tem o apoio institucional da prefeitura da Capital e faz um filtro dos locais ofertados para o turista.

Segundo Lenora Schneider, diretora da empresa conveniada que faz esse trabalho, a validação é realizada por um profissional da área cadastrado. São verificados o estado de conservação e o café da manhã, item composto por café, leite, achocolatado, chá, fruta, manteiga, pães e geleia. Quem usa o serviço há mais tempo turbina renda e amizades.

É o caso do estudante de Medicina Arthur Caye: com o dinheiro dos aluguéis, mobiliou o apartamento no bairro Bom Fim que divide com o estudante de teatro e jornalismo Júlio Kaczan. A experiência de anfitrião também o tornou amigo da professora alemã Lena Sabine Becker, 25 anos, hóspede por nove meses.

— No início, pensei que não viria muita gente. Achei que um sofá-cama seria suficiente. Hoje, tenho dois quartos para visitantes e não paro de receber pedidos — comenta.

Tocar piano e gaita e gostar de ouvir histórias de outras culturas são aspectos da personalidade de Caye que o tornam um anfitrião requisitado. Além da modéstia no preço: na Copa, ficar em sua casa custará a um turista R$ 70 a diária.

TIRE SUAS DÚVIDAS

CONFIANÇA
É possível obter cópias de documentos como identidade, carteira de motorista ou passaporte, para ter certeza que a pessoa é quem realmente informa. Os sites trabalham com os depoimentos dos usuários para usar como referência futura. Também é possível vincular o perfil ao Facebook e ver os amigos em comum com os outros usuários.

SEGURO
A administração do Airbnb aconselha colocar uma taxa de limpeza e uma caução, por segurança. O valor discriminado pelo anfitrião fica bloqueado no cartão de crédito do visitante. Se houver algum tipo de dano, como quebra ou sumiço de objetos, o site libera o valor. Em caso de danos mais graves, é feita a comunicação ao site e um seguro de até R$ 1,8 milhão pode ser acionado.

FOTOGRAFIA
O site Airbnb disponibiliza serviço de fotografia grátis para divulgar o espaço que será alugado. O anfitrião solicita, o fotógrafo agenda e vai até o local fazer as imagens. No final de fevereiro, um dos profissionais que realiza o trabalho tinha uma lista de espera de 14 solicitações pendentes.

Fama de maus atrapalha vida dos Hermanos
Mesmo ansiosos por receber estrangeiros, há anfitriões evitando torcedores argentinos. O temor é que uma eventual derrota do time de Messi seja descontada nas casas alugadas. Procurado por um grupo de argentinos interessados em sua residência na Zona Sul, a 15 minutos do Beira-Rio, Henrique Raizler achou melhor declinar.

Em busca de um jeito educado de recusar os jovens, perguntou se eles estavam interessados em fazer festa. Diante do óbvio sim, avisou: sua casa é longe das áreas mais boêmias da Capital. E lembrou: sua família gosta de paz e tranquilidade. Os argentinos desistiram. Ele fechou com australianos – sem grandes ambições na Copa, dificilmente perderão a cabeça se sua seleção for derrotada pela Holanda. Christian Gessner, diretor geral do site Airbnb no Brasil, diz que são raros os casos de depredação e uso do seguro, de R$ 1,8 milhão.

Michele tem hóspedes de três nacionalidades diferentes
Incentivada por amigas estrangeiras, a produtora de fotografia Michele Frantz, 35 anos, começou há pouco tempo a participar do sistema e já tem confirmada a visita de três hóspedes de nacionalidades diferentes na Copa: americanos, australianos e argentinos.
– Costumo passar muito tempo fora da cidade, por isso achei a ideia legal. Achei que não teria tanta procura, porque Porto Alegre não é muito turística, mas me enganei – constata a nova anfitriã.

Até agora, Michele não teve queixas dos hóspedes. Segundo ela, foi um prazer trocar experiências com hóspedes “simpáticos, divertidos e atenciosos”. Na Copa, ela deixará seu apartamento, na Cidade Baixa, para ficar na casa de uma amiga, no Higienópolis. E seu apartamento ainda tem dias livres no Mundial.

Capital está entre as sedes mais baratas
Entre as 12 cidades-sede da Copa, Porto Alegre é a terceira mais barata em diárias de hotel, segundo levantamento do site de viagens TripAdvisor: em média, um custo de R$ 504 por pernoite em junho deste ano. Curioso é que os valores variam conforme a partida: no dia 18 de junho, de Austrália x Holanda, é R$ 613.

Uma semana depois, quando os argentinos enfrentam os nigerianos, a diária está cotada em R$ 483. Barato, se comparar com os R$ 1.543 médios cobrados em Cuiabá – sede mais cara, de acordo com a pesquisa. A Capital dispõe de 20 mil leitos de hotéis. Carlos Henrique Schmidt, presidente do Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre, prevê lotação total na véspera e no dia dos jogos oficiais.

– Se aqui tiver mais lazer e bons preços, o turista pode prolongar sua estadia – afirma Schmidt.


Fonte: Portal Pense Imóveis
Link de origem: http://revista.penseimoveis.com.br/mercado-imobiliario/noticia/2014/03/copa-do-mundo-turbina-hospedagens-alternativas-em-porto-alegre-4454763.html

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