quarta-feira, 25 de junho de 2014

Mercado imobiliário


Eleita em dezembro para a presidência do Sindicato da Habitação de Blumenau e Região (Secovi) no mandato 2014-2017, Soraia Vasselai projeta aumentar o número de associados. Até o momento são 54 em um universo de 227 empresas imobiliárias cadastradas nos municípios de Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Gaspar, Ilhota, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó – área de abrangência do sindicato. Em entrevista concedida à Revista Empresário, Soraia fala sobre o mercado regional, avalia os programas habitacionais do governo federal e traça um parâmetro da defasagem de imóveis comerciais em Blumenau.

Revista Empresário: Quais suas metas para os quatro anos de mandato no Secovi?
Soraia Vasselai: Eu peguei o sindicato pronto, com a base totalmente montada e sólida. O objetivo da minha eleição e de eu ter aceitado o desafio é tornar o sindicato mais conhecido e ampliar a base de reconhecimento. Ele existe há 17 anos, funciona internamente super bem, mas, visivelmente, têm pessoas que nem sabem o que é. Na região, temos cerca de 227 empresas imobiliárias, mas apenas 54 são associadas. E eu quero fazer o maior número de associados possível.

RE: O mercado imobiliário oscila bastante. Qual a realidade na região?
Soraia: O que eu entendo de mercado é que ele é estável sim, ele deixou de ser alucinante, apenas isso. A minha leitura, e de quem eu tenho conversado, é que o mercado está encontrando o ponto de equilíbrio. Não tem mais lugar para aventureiro. Quem é, é e fica; quem não é, não fica. É um mercado que nunca para. Sempre vai ter gente casando, se separando, sempre vai nascer crianças. Ele nunca para e está achando o próprio ponto de equilíbrio.

RE: Essa é uma particularidade daqui ou segue tendência nacional?
Soraia: Isso é o mercado nacional que está correspondendo. Quando teve o aquecimento, o público comprou imóveis de uma forma assim: “nunca teve oportunidade e com o financiamento bancário, do Minha Casa Minha Vida”. Essas pessoas se tornaram, também, público-alvo. Só que com toda essa oferta, esse púbico também ficou mais exigente. As construtoras se viram na obrigação de melhorar para continuar atuando no mercado. E o consumidor, agora, sabe o que está procurando. Ele compra o primeiro imóvel do Minha Casa Minha Vida, mas, daqui a três anos, já tem um projeto de trocar por um imóvel maior, maior e maior. Pois creio que o sonho de todo ser humano é ter um imóvel bem aconchegante, gostoso e próprio para chamar de seu.

RE: Os especialistas divergem quanto à possibilidade de uma bolha imobiliária estourar no Brasil. Como o Secovi Blumenau trata isso? Há formas de se prevenir?
Soraia: Olha, é a minha opinião pessoal e eu entendo que todos os meus pares comungam dessa ideia. Não acreditamos em bolha no mercado, pelo menos em Santa Catarina. Existiu e está existindo um retrocesso, um freio nas vendas, sim, porque o mercado está muito exigente e mais qualificado. Por um lado, isso é bom e, por outro, não. A tal da bolha que muita gente fala, eu não acredito que efetivamente no Brasil ela acontecerá. Está se tomando cautelas e precauções para que isso não ocorra. Eu entendo por bolha o que aconteceu nos Estados Unidos, que teve aquela oferta imensa e, de uma hora para outra, o imóvel que valia 300 começou a valeu 100 de tanto que tinha. Isso não acontece aqui de forma alguma. O Brasil é muito grande e tem gente demais para usar isso tudo. Então, não acho que a gente esteja caminhando para o estouro de uma bolha imobiliária.

RE: Como o Secovi avalia os programas habitacionais do governo federal?
Soraia: Para o mercado imobiliário, foi uma alavanca propulsora muito grande no Brasil inteiro. Alavancou e fez aparecer muitos corretores e imobiliárias em função disso, qualificados ou não. De novo, a dualidade, o bom e o ruim. Quem for bom fica; quem não for, não se estabelece. Então, eu vejo os programas do governo como uma coisa boa. Porque eu acho que uma qualidade de moradia é fundamental para ter dignidade. Nós do Secovi encaramos isso de uma forma muito bem-vinda.

RE: Comprar imóveis como investimento é um bom negócio atualmente?
Soraia: Obviamente que sim. Não hoje, sempre. Meu pai falava que quem investe em imóvel nunca erra, quem investe em terra nunca erra. É o investimento mais seguro que tem. Digamos que você compra um terreno, deixa 10 anos lá parado, ele vai te dar no mínimo 30%, 40% de rentabilidade porque todo o entorno melhora, toda a história acontece ao redor dele. Se você pegar esse mesmo valor e deixar aplicado não vai ter a mesma rentabilidade nunca. Outra coisa: quando se compra um imóvel na planta se consegue 20% de rentabilidade em relação ao preço final. Então, você compra um imóvel ganhando 20%. Compra por 100 mil e vende por 120. É um excelente investimento e muito seguro.

RE: O que dá mais retorno, imóvel comercial ou residencial?
Soraia: Existe um lugar para cada coisa acontecer. Não adianta fazer um baita de um empreendimento no meio de uma favela porque ele não vai vender e a valorização será pequena. Não adianta fazer um imóvel comercial lá onde, daqui a dez anos, vai acontecer alguma coisa. Então, o investimento tem que ser pensado. O teu dinheiro tu lutas para ganhar e tens que pensar bastante para gastar. Claro que o comercial/industrial está vendendo bastante e o retorno é maior. Mas podes fazer uma carteira bacana de imóvel residencial e, na hora que precisares, terás liquidez em curto prazo. Se você está precisando muito de dinheiro, não vai pagar juros do banco, só vai deixar de ganhar um pouco do teu bem. A conta é muito favorável para o mercado imobiliário sem sombra de dúvida.

RE: Com tantas opções de financiamento, como está a locação de imóveis residenciais?
Soraia: Acompanhando os gráficos da empresa, percebo que a locação residencial está voltando com força. A gente está locando bem, o investidor está comprando de novo o imóvel residencial como investimento para fazer locação. Olha, sou otimista demais, mas o mercado está muito bacana.

RE: Blumenau tem carência de imóveis comerciais? Em que parte da cidade essa defasagem é mais sentida?
Soraia: Existem coisas pontuais. Por exemplo: não tem sala comercial no Centro. Agora estão saindo sete edifícios comerciais. Então, a coisa prolifera de uma forma muito rápida. Algo que não tem de verdade são os edifícios-garagem. Comprar um terreno no Centro pra fazer isso requer um investimento muito alto. Mas tem soluções bacanas e ninguém aplica. Como se constrói casa, pode se construir escritório, pois sempre tem gente se formando, querendo abrir o próprio negócio. O mercado existe sim, sala sempre loca, sim. Para mim, tudo dá certo. Claro, depende da localização, a forma como é construída e tudo mais. A defasagem existe no Centro porque tudo ainda gira no Centro. Garcia tem déficit e Itoupava Central também. A Itoupava Central tem vida própria e cresceu horrores nos últimos 10 anos. Os shoppings estão lá. Mas o que falta é que o cidadão não quer dizer que trabalha lá, ele trabalha no Centro, sabe? E assim, no Centro sempre vai haver lugar para sala comercial.

RE: Então, condomínios empresariais são um bom investimento?
Soraia: Excelentes. As lojas por si só, enquanto peças únicas, se tornam caras para a locação. Quando eu junto tudo e faço uma coisa só, eu junto força, energia e se torna mais fácil adquirir. Então, eu penso que é um bom investimento tanto para quem faz quanto para quem loca.

Reportagem: Felipe Adam

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