terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Modernidade e art déco no lar masculino


Quando se mudou para esse apartamento, Junior Grego comemorou andando de skate dentro dos 400 m² da propriedade. A alegria tinha bons motivos. O lar no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro, era sonho de criança tanto do arquiteto carioca quanto de seu parceiro e sócio, Ronald Goulart.
A dupla era encantada pelo edifício dos anos 1920, projetado por Joseph Gire, autor de ícones cariocas, como o Copacabana Palace e o Edifício Noite. O sonho de morar na propriedade se realizou quando uma família francesa, que precisava se mudar com urgência, lhes ofereceu o apartamento no sétimo andar, o único com balcões em todos os quartos e salas. "Quando entrei, senti que seria minha casa, não teve jeito", recorda-se Grego.

A reforma, conduzida a quatro mãos, preservou a arquitetura original, com produtos da época da construção. O décor, no entanto, foi transformado. "O apartamento tem uma pegada parisiense, com pé-direito de 4 m e paredes de 30 cm de espessura", explica Grego. "Mas ganhou características de imóveis de Nova York: é bem masculino, com muitos tons de cinza", acrescenta. A paleta de cores contempla ainda os marrons do piso de parquet Versalhes e tons negros. Cores vibrantes ficam por conta das obras de arte.

A porta de entrada, com 3,7 m de altura, se abre para o hall. Uma daybed Barcelona convida a contemplar a arte de Bruno Giorgi e Ascânio MMM, além dos tacos de madeira de lei do piso. As duas salas de estar formam um ambiente único, com paredes do mesmo tom creme, protegidas por tinta ou papel de parede com efeito de luz e sombra (Orlean). Os revestimentos formam uma base neutra para a combinação entre moderno e art déco que baliza o espaço. Estão por ali mesas de centro da Finish montadas junto a poltronasGôndola e a suavidade de tapetes Ziegler e da Avanti. Gravuras adquiridas na Cidade Luz misturam-se a bustos tradicionais e esculturas.

O apartamento já pertenceu a João Cabral de Mello Neto. O poeta e diplomata trouxe do Senegal o piso de ébano que agora decora a sala de jantar. No ambiente, a dupla se permitiu ousar mais, com móveis marcantemente negros. As cadeiras e adornos de Philippe Starck contrapõem-se a lustre da Bretton, que cai no vão entre as duas mesas quadradas de 1,6 m.

A cozinha, também preta, ganhou bancada de granito nero absoluto, piso cimentício e armários da Florense. Os dois aparadores do ambiente foram feitos pelos arquitetos – bastou serrar as cabeceiras da mesa de banquete da família de Goulart (o tampo do móvel foi guardado na fazenda em Vassouras, RJ).

O banheiro recebeu azulejos provençais adquiridos em Paris, enquanto os lavabos preservam o ladrilho hidráulico. Na suíte máster, a cama de 2,3 x 2,2 m e uma chaise LC4 se transformam em mirantes para o espetáculo que, todos os dias, se desenrola na janela. Quase ao alcance da mão, a luz do sol banha o Morro da Urca, Baía de Guanabara e, do outro lado do mar, Niterói.

Fonte: Revista Casa Vogue
Link de origem: http://casavogue.globo.com/Interiores/apartamentos/noticia/2015/02/modernidade-e-art-deco-no-lar-masculino.html

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